Maaya Sakamoto sobre Evangelion 3.0+1.0

No artbook/Booklet distruibuido na exibição de Evangelion 3.0+1.0 Thrice Upon a Time nos cinemas japoneses está incluso entrevistas com os vários dubladores (Atores de Voz) de Evangelion falando sobre o filme final.

Baseado em um versão traduzida pela galera no Fórum do EvaGeeks o fã Miguel Alamino traduziu para o português as partes importantes e interessantes da entrevista:

Confira agora:

(…)

– Começando com o seu cantarolar, você estava em todo lugar em Avant1. (cena de ação em Paris).

No início, recebi apenas o roteiro das partes A e B, e não sabia o que aconteceria na segunda metade, então só tive que fazer o que tinha que fazer. Neste ponto, pensei que este seria o ponto culminante de Mari em “3.0 + 1.0”, e desempenhei o papel da melhor maneira que pude. Olhando para trás agora, acho que os diretores devem ter feito um cálculo minucioso para fazer de Mari a personagem principal para que o público pudesse desfrutar da sensação do desconhecido, porque se os personagens familiares da série de TV estivessem ativos em Avant1, seriam dadas muitas dicas sobre o que estava por fim na narrativa.

—Como resultado, ela desempenha um papel muito importante em toda a história, e parece que Mari também é uma pessoa muito importante em todo o mundo “Eva”

Foi um fardo pesado para mim, me perguntando se os fãs iriam me repreender por ter uma recém-chegada de mãos dadas com Shinji no final (risos). No entanto, houve muitas maneiras de retratar “Eva” no passado, e se você puder pensar nisso como um dos finais possíveis, estou a salvo. 

—Também estou curioso por que você o chama de “Gendo-kun” com um “kun”. 

Agora sabemos que ela deve estar ligada a Gendo e aos outros há muito tempo. No entanto, independentemente das circunstâncias que ela estava vivendo, Mari é fundamentalmente uma pessoa otimista e não se preocupa muito. Ela pode ter suas próprias preocupações, mas não é o tipo de pessoa que as demonstra e sempre parece estar se divertindo. Acho que é isso que a torna um contraste tão grande com Shinji e os outros personagens. Ela não tem duas faces, então tentei interpretar o papel com o mínimo possível de nuances complexas. Não importa o quão desesperadora a cena pareça, Mari acredita que as coisas estão indo na direção certa, e ela está feliz, que é a nuance de alegria que tentei transmitir na minha voz. Tentei manter sua voz positiva e não muito triste. No clímax do filme, tentei transmitir em minha voz meu forte desejo de encontrar Shinji não importa o que aconteça. (no caso, resgatar ele do AntiUniverso)

—Ouvi dizer que a equipe estava discutindo que tipo de personagem Mari seria a partir do momento em que ela apareceu em “: 2.0 “. 

A história principal é sobre Shinji, Rei, Asuka e os outros, e eu costumava pensar que Mari era apenas uma personagem alegre que seria um tempero para a história. Na verdade, ela não era realmente o foco de “: 3.0”, e eu sabia que era assim que as coisas iam ser, mas não esperava receber um papel tão importante no final. Não sei se ele pretendia que fosse assim desde o início ou se chegou a essa conclusão enquanto trabalhava. (aqui se referindo a Hideaki Anno). Quando Mari apareceu em “: 2.0” pela primeira vez, Anno explicou seu papel para mim, mas ele disse: “Tsurumaki está mais interessado na interpretação de Mari, então vou deixar isso para Tsurumaki”, então eu assumi que Anno não tinha nenhum sentimento por Mari. Então eu fiquei um pouco curiosa para saber por que ela recebeu um papel tão importante (risos). 

Tom neutro, nem masculino nem feminino, nem mais velho nem mais jovem. (essa parte eu confesso que fiquei confuso se ela estava se referindo a participação dela no último filme, ou no 2.0/3.0)

(…)

—Qual você acha que é o tom típico da Mari? (aqui, a pergunta é direcionada mais ao tom da dublagem da personagem, embora também possa ser interpretada sobre a persona interior dela).

Neutralidade, eu acho. Parece uma menina, mas por dentro é como um velho da era Showa (as músicas que ela cantarola são da era Showa), nem velho, nem criança, masculino e feminino, sem excessos nem deficiências. Ela não é nem homem nem mulher, nem mais velha nem mais jovem, mas em um estado neutro que pensei ser Mari. 

―Teve alguma cena que foi difícil para você?

A conversa com Fuyutsuki. Foi minha primeira vez conversando com Fuyutsuki, e ele estava falando sobre algo difícil. Eu li o script e procurei pelas palavras que não tinha entendido, mas no dia da performance, eu fingi saber o que estava fazendo. Eu fiquei um pouco surpresa que eu consegui o OK depois de só uma tentativa.

―O que você acha da obsessão da Mari com o “cheiro” em relação a Shinji?

“Você cheira bem” é uma linha memorável da primeira aparição da Mari em “:2.0”. Eu acho que foi uma cena memorável para a audiência também, já que ela é sempre incluída em máquinas de pachinko. No final deste episódio, há outra linha sobre o cheiro que parece ser um prenúncio, e eu realmente gosto dela. Eu pensei que foi legal que eles passaram um longo tempo voltando para o “cheiro”. Eu acho que a Mari realmente gosta de pessoas. Ela gosta do Shinji, mas eu acho que a Asuka é especial para Mari. Ainda que a Asuka a trate friamente, Mari sempre a chama de “Princesa” e respeita e a protege como uma pessoa especial. Além das batalhas que elas travam juntas, a cena que ela corta seu cabelo é bem quieta e calma, e tem um bom sentimentalismo. Achei que o contraste entre as duas foi bem definido. Para a cena com a Asuka, foi ótimo poder gravar sua voz junto com Yuko Miyamura.

(…)

―Finalmente, por favor nos diga suas impressões de “Evangelion” após 25 anos de sua existência.

Quando vejo a história do ponto de vista da Mari, sinto que todos os personagens são amáveis. Desta vez, fiquei especialmente aliviada ao ver que Gendo parecia ter resolvido seu sofrimento. Tenho certeza que o final fará com que todos sintam que todos os personagens são amáveis. Eu acho que cada pessoa que viu “Eva” por um longo período de tempo projetou vários pensamentos e sentimentos nele, então mesmo que esta não seja necessariamente a única resposta correta, pode ser o final mais feliz que podemos imaginar no momento. Ao mesmo tempo, sinto que mesmo depois de tudo isso, ainda há muito espaço para pensar e desfrutar. Talvez essa seja a melhor parte do episódio final.

Já se passou um quarto de século desde a série de anime na TV, e para algumas pessoas, “Rebuild of Evangelion” pode ser o primeiro “Evangelion” que eles viram.

Para essas pessoas, será interessante voltar e observar os trabalhos anteriores.

Tive a sorte de estar presente no momento em que uma obra lendária terminou de uma maneira boa e que nos lançou algo novo. 

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A ideia é trazer também as outras entrevistas com os demais atores. Fiquem ligado! =)